A Sony voltou a investir pesado na proteção de seus consoles. Desta vez, a empresa japonesa pagou US$ 10 mil (cerca de R$ 56 mil) a um hacker identificado como Koyokos, responsável por descobrir uma vulnerabilidade grave que poderia ter levado ao desbloqueio total do PlayStation 4 e do PlayStation 5.
Segundo informações da comunidade de segurança digital, o pesquisador encontrou uma falha no kernel do sistema — o núcleo que controla todas as operações do console —, o que poderia conceder acesso irrestrito a funções internas reservadas apenas à fabricante. Na prática, isso permitiria que usuários instalassem jogos pirateados, modificassem o sistema e executassem softwares não autorizados, algo que a Sony combate há mais de uma década.
Uma falha crítica com potencial devastador
A vulnerabilidade descoberta afetava especificamente as versões 11.60 do PS5 e 12.50 a 12.52 do PS4. O exploit permitia que hackers burlassem as restrições de segurança do sistema, habilitando o uso de códigos não assinados — um passo essencial para o desbloqueio (ou “jailbreak”) de um console.
O problema foi classificado como “quase crítico” pela equipe de segurança da PlayStation, dada a gravidade e o potencial impacto. Exploits desse tipo não apenas possibilitam pirataria, mas também colocam em risco a integridade da rede PlayStation Network (PSN), já que usuários com acesso total ao sistema podem modificar dados de jogos, trapacear em partidas online e comprometer informações sigilosas.
“Foi um bug de kernel com potencial para conceder controle total sobre o sistema. Se explorado publicamente, o estrago seria enorme”, descreveu um relatório técnico informal divulgado por comunidades de modding.
Programa de recompensas e o combate à pirataria
O pagamento de US$ 10 mil a Koyokos faz parte do programa oficial de bug bounty da Sony, que recompensa pesquisadores por descobrirem falhas de segurança antes que possam ser exploradas por terceiros. A empresa paga valores que variam de US$ 100 a US$ 10 mil, dependendo da gravidade e do impacto da vulnerabilidade relatada.
No caso em questão, a soma máxima foi concedida devido à severidade do exploit, que poderia ter comprometido por completo o sistema operacional dos consoles.
Esse tipo de programa é uma estratégia cada vez mais comum entre grandes empresas de tecnologia. Em vez de lutar contra os hackers, as companhias preferem transformá-los em aliados, pagando por descobertas legítimas. Apple, Microsoft, Google e Nintendo possuem iniciativas semelhantes.
Atualizações constantes e guerra silenciosa com a comunidade hacker
Nos últimos meses, a Sony tem acelerado a frequência das atualizações de firmware do PS5 — em alguns casos, lançando até três em um único mês. A maioria dessas atualizações traz “melhorias de estabilidade”, mas especialistas em segurança apontam que muitas delas servem justamente para corrigir vulnerabilidades antes que se tornem públicas.
Enquanto isso, a comunidade de desbloqueio continua ativa, especialmente entre donos de consoles antigos, como o PS4 ou as primeiras versões do PS5 (“Fat”). Atualmente, somente os modelos de primeira geração do PS5 são desbloqueáveis, enquanto os PS5 Slim e PS5 Pro permanecem protegidos.
Entretanto, com a descoberta e correção desse exploit, os especialistas acreditam que novas brechas podem surgir em breve. “É uma corrida sem fim. Cada atualização fecha uma porta, mas abre uma janela em outro ponto do sistema”, explicou um desenvolvedor anônimo em fórum especializado.
O que muda para os jogadores
Para o público comum, essa descoberta significa que a Sony segue comprometida com a segurança e integridade dos consoles. A empresa evita, assim, que usuários mal-intencionados alterem jogos, explorem vulnerabilidades online ou acessem conteúdos ilegais.
Já para a comunidade que busca desbloqueios, o cenário é outro: as novas versões do PS4 e PS5 continuarão fechadas por mais algum tempo. Ainda assim, muitos preferem não atualizar o sistema, na esperança de que novos exploits sejam descobertos em futuras versões.
A iniciativa da Sony mostra que a empresa está disposta a investir alto para manter seus consoles protegidos e seu ecossistema sob controle. Pagar US$ 10 mil por uma vulnerabilidade corrigida pode parecer caro, mas o prejuízo causado por um desbloqueio global seria muito maior — tanto em termos financeiros quanto de reputação.


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